O Centro de Tradições Gaúchas SEPÉ TIARAJU, teve como idealizadores o Dr. Epitácio Jaques de Queiroz e outros amigos com origem no campo.
Santa Rosa, como se sabe, nasceu de colonizações italiana e alemã, etnias que, com o decorrer do tempo, foram assimilando e incorporando, os usos e costumes do Rio Grande do Sul.
Coincidentemente, ou não, vejamos a foto que registra o 1º Churrasco do CTG, sobrenomes “pelo duro”: Sargento MAIA, João Amorim dos SANTOS, Epitácio Jaques de QUEIROZ, Antonio Carlos OLIVEIRA, Fernando Albino da ROSA, Helio Chaves LOPES, João Aguirre ARAUJO, XANDICO, Carlos Estevan MARQUES, Franklin dos SANTOS, João Jayme ARAUJO, Antoninho VIANA, Major NOVAIS e Carlos BILO. “Os de origem” italiana, Adroaldo LIBERALI e Alberi CONTE.
João Amorim dos Santos chegou a Santa Rosa para exercer as funções de gerente da Caixa Econômica Federal.Exímio declamador, quando estava inspirado, pedia uma “vaza“ na programação noturna da Rádio Sulina, para recitar, como ele só, poemas, por exemplo, como o de Lauro Rodrigues:
SAUDADE
Saudade!!!
“Ela vem chegando,
tropereando, tropereando
tudo de bom que vivi.
Depois que a saudade apeia
amarra o pingo e sesteia,
nunca mais a gente ri.”
Como não se dispunha de uma sede, o primeiro baile foi realizado, com grande sucesso, aliás, nos salões da Sociedade Cultural.
Nos dias que se seguiram, parecia que o culto às tradições em Santa Rosa, seria uma onda passageira.
Eis que chega à cidade para desempenhar suas atividades na Secretaria da Agricultura, sede local, acompanhado de Liesing, sua esposa e Oscar Warth Neto, o medico veterinário Dr. Walter Warth. Empenhou-se logo em auxiliar na expansão do CTG e começou a trabalhar. Por força de suas atividades tinha contato próximo com o pessoal ligado à agricultura e pecuária, então incipiente na nossa zona, mesmo pela ausência total de terras apropriadas para essa última atividade.Na cidade acercou-se de elementos com bom transito e iniciaram-se os ensaios da Invernada Artística, com ênfase nas danças. Nas apresentações figuravam cantores, com destaque para o Patrão e o Coral.
Declamadores, Jayme Araújo, com
“GALPÃO DE ESTÂNCIA
...”Celebrando estranho culto
No teu altar meu galpão,
É o padroeiro do rincão
Que vem pela noite grande
Encomendar o RIO GRANDE
Na missa da tradição!!!”
E “ BRANCO OU COLORADO
...”É tradição do gaúcho,
Ter amor nestes dois trapos
E ver na trança dos fiapos
Um simbolismo tão santo.
Por isso te adoro tanto
Meu lenço branco ou de cor
Que até Deus Nosso Senhor
Que usou bota, espora e mango
Lês garanto que é chimango
Se maragato não for!”
Dino Rauber, com TOURO OSCO:
“... A noite veio e passou, mas Silvério não chegou e na impaciência de esperá-lo
Peguei um freio e um pelego, montei no meu azulego e saí para encontrá-lo.
Encontrei que desconforto, o cavalo estava morto e o ventre todo rasgado.
O touro osco caído não tinha ainda morrido, mas tinha um quarto quebrado
E num chifre que mistério, o coração de Silvério tinha um chifre espetado.
Por falar em gaita, nossos gaiteiros, com a melodia e marcando o compasso para as danças foram Osvaldo Frensch e João Batista Lemos – o Meio Quilo.
Chuliadores - dançadores de chula – Arlindo Sipert, Nelson Rebelatto, Expedito Colpo, Dino Rauber e Carmelino Rebelato.
O gosto por esse tipo de manifestação folclórica ficara hibernando desde a passagem do CTG Lalau Miranda, de Passo Fundo que se apresentou no cinema Odeon, por ocasião da Festa Nacional do Milho.
Sentindo-se as dificuldades para aprender através da leitura e estudos de manuais, editados por esses anos, graças a pesquisas de João Carlos Paixão Cortes, contou-se com o auxílio de elementos mais experientes do CTG 20 de Setembro de Santo Ângelo que nos mandou os peões Brasil Portela, Bruninho Langue, dentre outros que nos deram um empurrão nas danças.
Para incrementar esse tipo de atividade tivemos a felicidade de recebermos e tomarmos aulas com o responsável maior pelo incremento das tradições gaúchas o nosso PAIXÃO CORTES.
E assim o avanço foi contínuo. Com o auxilio efetivo de dois gaúchos da cepa, o pai do nosso pracinha expedicionário, PEDRO WEBER e de seu JAQUES GRIZZA auxiliados por um dos filhos do seu PEDRO, WALDIR WEBER puseram esses, mãos à obra e construíram, quase que com esforço próprio, o galpão que ainda hoje é utilizado como sede e realização de fandangos e atividades similares. Parte do material do galpão foi adquirida graças à demolição de uma bailanta do interior do então distrito de Santo Cristo. O Comandante da Guarnição, Coronel Oscar Luiz da Silva, auxiliou o Dr. Walter através do fornecimento de mão de obras e viaturas.
Já que falamos no Cel. OSCAR LUIZ, vamos mencionar os Sargentos que foram, também, colaboradores eméritos, como Luiz Avião, Carvalho, Atos, Paim Brites e Helio Almeida. Da comunidade civil, Froes, funcionários da Inspetoria e Napoleão Rodrigues da Silva. Estes os mais engajados.
Outra forma utilizada para promover as atividades foi um programa radiofônico semanal - GRANDE RODEIO SEPÉ TIARAJU, comandado por Ivo Stein que tinha a participação de Hugo Brito e Jayme Araujo, no qual se apresentavam elementos escolhidos e com pendores para canto e declamações.
Cantor dos melhores, o Patrão Walter que possui uma voz belíssima, interpretando o repertorio de “OS GAUDERIOS” que, em 1956, gravaram pela RCA Victor seu primeiro disco, interpretando a rancheira "Cigarro de palha", de Glaucus Saraiva, e a canção "Piazito carreteiro", de Barbosa Lessa. No mesmo ano gravaram as valsas "Era boi", de Tio Pedro Ramos e Lauro Rodrigues, e "Chimarrita", dança popular de Jarbas Cabral. Em 1957, gravaram a valsa "Carreteiro", de Lauro Rodrigues, e a dança popular "Meia-canha".
Mesmo porque além de OS GAUDERIOS, houvera antes, com destaque, apenas o Conjunto Farroupilha.
Conjunto vocal criado na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre, no fim da década de 40.
Gravações:
1953 - Balaio (Barbosa Lessa), Tatu (Barbosa Lessa e Paixão Cortes), Negrinho do pastoreio (Barbosa Lessa), Me dá um mate (Barbosa Lessa), Chirimindé (Barbosa Lessa e Paixão Cortes) Amargo A. Amábile e Lupicinio Rodrigues), Carreteiro (Barbosa Lessa) e Rancheira da Carreirinha (Barbosa Lessa).
1957 - Noites gaúchas (Piratini), Ratoeira (Paixão Cortes), Carreteiro (Piratini e Caco Velho, Seu Belendrengue (Paixão Cortes), Acalanto Gaucho (Carmon Lewis), Pezinho (Barbosa Lessa e Paixão Cortes), Chimarrita Balão ( Barbosa Lessa e Paixão Cortes), Roda Carreta (Paulo Ruschel), Sapateio (Carmon Ledwis),Vela para São Nicolau (Carmon Lewis), Prenda Minha (dominio público), Meu Cabelo (Barbosa Lessa e Paixão Cortes) Maçanico ( Barbosa Lessa) e Negrinho do Pastoreio (Barbosa Lessa)
.Como se sabe o grande salto da musica nativista do Rio Grande do Sul deu-se a partir da CALIFORNIA DA CANÇÃO NATIVA. O evento surgiu em 1971 em meio aos anos de chumbo, reunindo as mais diversas variações musicais nativas do Rio Grande do Sul organizada pelo CTG Sinuelo do Pago e prefeitura municipal, ambos de Uruguaiana. Inicialmente, sua primeira edição não teve tanta repercussão porém, algumas edições tiveram mais de 60 mil pessoas[3] e hoje é o maior evento cultural regional do Brasil.
Recuperamos a música – CAMPINAS DO RIO GRANDE, a qual, praticamente, era cantada só em, Santa Rosa, composição de um poeta que aquí viveu e que se dedicou à causa emancipacionista cujo nome é Moacir da Cunha Röesing.
O sucesso chegou logo e convites para apresentações se multiplicavam realizando-se excursões também para o “exterior’: Oberá Possadas e Leandro Alem. Nas cidades ou distritos da vizinhança as apresentações eram aguardadas com grande expectativa e ansiedade.
A gauchada se reunia para o desfile na data farroupilha, 20 de Setembro, quando então se notava pelo numero sempre crescente de cavaleiros que aderiram ao Movimento, o pleno sucesso no cultivo das tradições gauchas.
Crente no adágio popular “ qual é a coruja que não gava o toco”, concluo com mais uma imagem do meu pai, JOÃO AGUIRRE ARAUJO e com amor filial diria que é a perfeita estampa para uma estátua do Gaúcho, se a figura de meu amigo Paixão Cortes, não tivesse servido de modelo, uns anos antes.