Jogava-se um clássico em Santa Rosa. E, como em todos os lugares, estes confrontos provocam as mais surpreendentes reações, envolvem dirigentes, torcedores, enfim, vale tudo que foge à normalidade.
Uma hora antes do jogo, chegávamos ao estádio municipal. Quando entramos no vestiário, nos deparamos com algo pouco comum no seu ambiente.
Atrás da porta estava um copo de água, uma vela acesa e um ramo de espada de São Jorge.
Pude perceber uma série de reações dos jogadores diante do fato.
Começaram a se fardar, alguns recebendo massagens, outros ocupados no rotineiro. Quando estavam todos prontos, esperando pelas orientações finais, fiz somente uma observação:
“Já nos preparamos durante a semana, o que tinha de ser feito já se fez, mas, agora eu quero mais um pouco da atenção de vocês.
Eu não quero e nunca interferi nas crenças religiosas de ninguém mas eu vou tomar uma iniciativa, vou jogar este copo de água fora e, com ele, o ramos de espada de São Jorge e também vou apagar esta vela.
Se eu acreditasse nisto, e não no futebol de vocês, e no meu trabalho como treinador eu não estaria aqui, rasgaria o meu diploma e ficava em casa.
“Vão lá e ganhem o jogo pela competência de todos”.
Não deu outra. Ganhamos e o ritual foi esquecido.